Estudo europeu revela como os cidadãos reagem às alterações climáticas nas redes sociais

Estudo europeu revela como os cidadãos reagem às alterações climáticas nas redes sociais(Comunicado de Imprensa – 14 de julho de 2025)

Raiva, tristeza e, ironia dominam as publicações online; estudo analisou mais de 1,7 milhões de tweets em português, espanhol e inglês com inteligência artificial
Incêndios, tempestades e calor extremo desencadeiam picos emocionais
Contributo português inclui Universidade do Porto, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Instituto Universitário de Lisboa, BIOPOLIS, INESC TEC e a consultora NBI – Natural Business Intelligence
Um estudo internacional publicado na revista científica Scientific Reports, do reputado Grupo Nature, revelou padrões emocionais marcantes sobre o modo como os cidadãos da Península Ibérica falam sobre alterações climáticas nas redes sociais. A investigação recorreu a modelos de inteligência artificial para analisar mais de 1,7 milhões de publicações no X/Twitter, ao longo de 12 anos (2010–2022), em português, espanhol e inglês, recorrendo a técnicas avançadas de deep learning e processamento de linguagem natural (NLP).

A investigação foi conduzida por equipas da Universidade do Porto (FCUP, InBIO), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (CITAB), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), BIOPOLIS, INESC TEC (LIAAD), Universidad de Extremadura (Espanha), Czech Academy of Sciences (Chéquia) e da Université Paris-Saclay (França). O estudo contou ainda com o contributo NBI – Natural Business Intelligence, da consultora portuguesa que tem vindo a integrar ciência, dados e território no apoio à transição ecológica através da inovação e digitalização, responsável pela ideação e supervisão da análise de dados e visualização focada na perceção social.

Emoções, sentimentos e sarcasmo digital
Os resultados revelam uma predominância de sentimentos negativos (39%) e neutros (35%), frequentemente associados a fenómenos extremos como incêndios, secas e tempestades. Surpreendentemente, cerca de um quarto das publicações continha ironia – um registo especialmente prevalente nas culturas portuguesa e espanhola, utilizado como forma indireta de crítica ou desabafo.

Entre as emoções mais identificadas estão a raiva, a surpresa e, em menor grau, a alegria. A frequência de publicações associadas a raiva aumentou nos últimos quatro anos, refletindo uma maior inquietação pública com os impactos e respostas (ou ausência delas) à crise climática.

O estudo detetou ainda picos de atividade emocional nas redes sociais em momentos de elevado impacto climático como os Incêndios de Pedrógão Grande (junho 2017), a Tempestade tropical Ophelia (outubro 2019), contribuindo para centenas de incêndios em Portugal e Espanha, bem como a onda de calor de 2022 conduzindo à destruição de 57.000 hectares e evacuação de milhares de pessoas. Nestes momentos, os conteúdos partilhados tornaram-se mais intensos e emotivos, funcionando como termómetro social da ansiedade coletiva.

Um novo olhar para decisões informadas
Este estudo é um dos primeiros a aplicar uma abordagem combinada de análise de sentimentos, emoções e ironia em três línguas e numa escala regional europeia. A metodologia desenvolvida é escalável e replicável, oferecendo uma ferramenta robusta para monitorização social contínua, com possíveis aplicações em políticas públicas, campanhas de sensibilização e planeamento climático.

A investigação utilizou modelos de deep learning (BERT, BETO e BERTimbau), que demonstraram elevada eficácia:

F1-score de 95% em inglês, 93% em espanhol e 87% em português na identificação de conteúdos relevantes
As ferramentas aplicadas permitiram classificar sentimentos, emoções e ironia com até 92% de precisão, abrindo caminho para novas formas de monitorização social.
Compreender e gerir desafios da Natureza pela via da inovação
O estudo complementa outros contributos das colaborações nacionais e internacionais da NBI no ecossistema científico e gestão da Natureza. Também com foco na inovação e interações digitais, outros trabalhos com cunho da NBI incluem abordagens a alguns dos principais desafios ecológicos atuais, nomeadamente:

Biodiversidade: https://besjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/2688-8319.12295# 
Serviços dos ecossistemas: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2212041624000706 
Áreas protegidas: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0006320724001186 
Espécies invasoras: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1574954124001444 
Tráfego de animais selvagens: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0006320723000058
Aceda ao artigo completo (em inglês): https://www.nature.com/articles/s41598-025-97441-1

Para informações adicionais, contactar a assessoria de imprensa da NBI:
Carlota Burnay | Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. | +351 916 094 127

 

Sobre a NBI – Natural Business Intelligence
A NBI – Natural Business Intelligence é a primeira consultora portuguesa especializada em Economia de Base Natural. Fundada em 2020, atua na intersecção entre ecologia e economia, promovendo soluções "Nature Positive" apoiando as empresas, organizações e autarquias a transformar riscos ecológicos em oportunidades de desenvolvimento sustentável e de valor acrescentado de forma ágil e adaptável a cada realidade, sem preconceitos nem soluções pré-concebidas.Com mais de 60 projetos realizados em empresas e municípios por todo o país, a NBI lidera a integração do capital natural na tomada de decisão estratégica, através de serviços como o Due Diligence Ecológico e Roadmaps de carbono e Natureza. Conta com uma equipa multidisciplinar de 17 especialistas e colabora com organizações públicas e privadas nos setores do imobiliário, turismo, energia, agricultura, florestas e infraestruturas. Em 2023, lançou a Academia NBI, que já formou mais de 500 profissionais.
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